Correr envelhece? Muita gente faz essa pergunta, que respondo de forma direta: correr não envelhece, trata-se de um mito sobre corrida de rua.
Existem bons estudos sobre corrida e envelhecimento. Nesse artigo, com base em um estudo extenso e revelador, mostramos que correr, além de não envelhecer, é uma forma de postergar incapacidades e perdas físicas que veem na esteira do envelhecimento.
O estudo “Reduced Disability and Mortality Among Aging Runners – A 21-Year Longitudinal Study” (“Redução da Incapacidade e Mortalidade Entre Corredores Idosos: Um Estudo Longitudinal de 21 Anos”), da Stanford University School of Medicine, foi publicado no Archives of Internal Medicine.
O estudo é impressionante e robusto. De caráter longitudinal, acompanhou, desde 1984, por 21 anos, 538 corredores e 423 não-corredores. Tamanha dedicação ofereceu importante quadro sobre os efeitos a longo prazo da corrida.
Os resultados obtidos são um verdadeiro divisor de águas no que diz respeito à corrida e ao envelhecimento.
Benefícios da corrida
São muitos os benefícios da corrida. Por exemplo, foi observado que os corredores começaram a experimentar incapacidades 16 anos mais tarde em comparação com os não-corredores.
Além disso, ao longo de 19 anos, 15% dos corredores faleceram, em contraste com 34% dos não-corredores, indicando uma significativa vantagem na expectativa de vida para os praticantes de corrida. Um benefício da corrida e tanto.
A progressão da incapacidade, que podemos chamar de processo de envelhecimento, também foi mais lenta entre os corredores, reforçando a ideia de que a corrida contribui para um envelhecimento mais saudável e ativo.
O estudo também mostrou que correr reduz as mortes não só relacionadas a doenças cardiovasculares (problemas do coração), mas também reduz as mortes por câncer, por doenças neurológicas e até mesmo por infecções, mostrando os amplos benefícios de saúde associados à corrida regular.
Um dos participantes foi James Fries, um pioneiro e referência no estudo de envelhecimento saudável, professor de medicina na faculdade de medicina de Stanford, um dos principais centros de estudos de medicina e envelhecimento do mundo.
Fries propôs e burilou a teoria da compressão da morbidade. A hipótese, validada por Fries, demonstra que, enquanto um estilo de vida saudável estende modestamente a longevidade, ele também previne de forma mais eficaz as doenças crônicas do envelhecimento, reduzindo o número de anos de incapacidade, dependência e dor, benefícios que ajudam a lidar com o passar dos anos.
A corrida é uma das ferramentas para esse envelhecimento qualificado: melhora a qualidade dessa vida prolongada, reduzindo o período de incapacidade no final da vida.
Portanto, ao contrário do mito de que correr acelera o envelhecimento, as evidências científicas demonstram que a corrida é, na verdade, um aliado poderoso para uma vida mais longa, mais saudável e mais ativa.
Para os entusiastas da corrida, este estudo é um incentivo para continuarem praticando seu esporte favorito. E para quem ainda não começou, talvez seja o momento de considerar adotar a corrida como estilo de vida.
Dicas para correr depois dos 60 anos
Consulta médica: Quem não tem problemas médicos, a maioria das pessoas, pode começar a correr devagar.
Mas para quem deseja iniciar já mais velho essa atividade, recomendo consultar um médico para avaliar sua condição física e obter um panorama base da saúde.
Calçados Apropriados: Escolha tênis de corrida que ofereçam suporte, amortecimento adequado e um bom ajuste, para prevenir lesões. Não precisa ser um tênis caro, precisa ser confortável e bem construído.
Comece devagar: Inicie com intensidade baixa e aumente progressivamente. A nossa planilha para começar a correr é uma boa opção.
Ritmo fácil: Aprenda a correr em ritmo fácil, confortável e que causa menos lesões. Sugiro manter esse ritmo nos três primeiros meses, enquanto diversos sistemas do corpo se fortalecem.
Treino de Força e Flexibilidade: Inclua exercícios de fortalecimento e alongamento na sua rotina. Eles ajudam a manter a força muscular, a estabilidade articular e a flexibilidade.
Aquecimento e Resfriamento: Dedique tempo ao aquecimento antes de correr –cinco minutos é uma boa medida– e ao resfriamento depois, para preparar e recuperar o corpo para a corrida.
Nutrição Balanceada: Consuma uma dieta rica em nutrientes, focando em proteínas de alta qualidade, carboidratos complexos e gorduras saudáveis, para manter a energia e facilitar a recuperação. Aqui sugerimos um guia de alimentação saudável.
Hidratação Adequada: Beba água regularmente, especialmente antes e depois dos treinos. A hidratação é crucial para o desempenho e recuperação.
Sono de Qualidade: Priorize um sono reparador, visando 7-9 horas de sono por noite. Não durma tarde de preferência. O sono adequado é essencial para a recuperação muscular e a energia geral. Dormir bem ajuda até a perder peso.
Escute Seu Corpo: Se sentir dor ou fadiga, descanse. Respeitar os sinais do corpo é crucial para prevenir lesões e manter a saúde.
Metas Realistas: Defina objetivos alcançáveis para manter a motivação e celebrar seu progresso. Celebre as pequenas conquistas.
Acompanhamento Profissional: Considere o acompanhamento de um treinador ou fisioterapeuta especializado em corrida para orientações específicas.
Corrida em Grupo: Junte-se a grupos de corrida para motivação, apoio social e segurança.
Monitoramento de Progresso: Use um diário de treino ou aplicativos para acompanhar seu progresso, o que pode ajudar na motivação e ajuste dos treinos. Você vai se surpreender com o progresso.
Exercícios Complementares: Pratique atividades como yoga, natação ou ciclismo para melhorar a flexibilidade e fortalecer outros grupos musculares.
Ouvir o Corpo e Prevenir Lesões: Fique atento a sinais de dor ou desconforto e não hesite em tirar dias de descanso quando necessário.
Hábito: Valorize a jornada, a rotina. Conquistar esse hábito é uma grande vitória e o melhor passo para começar a correr depois de idoso.